sexta-feira, 23 de julho de 2010

Vertical de Garrafeiras brancos das Bágeiras


Foi na Quinta das Bágeiras, em Fogueira, que nos juntámos para uma prova vertical de brancos garrafeira. Éramos 15 provadores. Desta vez tínhamos o petisqueiro sr. Simões a cozinhar para nós, e ao chegarmos, lá estava ele na cozinha a beber uma flute de espumante, acompanhado à guitarra pelo seu amigo de longa data, que também era da Figueira da Foz. E não é que canta bem o sr. Simões...
Fomos para a adega onde nos esperavam umas ovas magníficas, acompanhadas pelo não menos magnífico espumante super reserva 2006.
Passámos todos para a mesa, onde nos foram dados a provar os Garrafeiras brancos da casa desde 2001 a 2008. Todos os vinhos estavam em grande nível, ainda muito frescos e cheios de garra, e ao mesmo tempo muito elegantes. Destacaram-se o 2004 e o 2007, que infelizmente já não se encontram à venda na loja da quinta.
A acompanhar foram servidas umas petingas de caldeirada maravilhosas, seguidas de uma Raia de Pitau que estava de chorar por mais. Não me vou esquecer tão cedo daquele molho avinagrado.
No final ainda fomos presenteados com uns Amores da Curia, receita recuperada recentemente pela Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada. Uns pastelinhos de massa folhada em forma de coração, recheados com ovos moles, maravilhosamente acompanhados com espumante, e ainda com uma garrafa de champagne Cristal 2002, gentilmente oferecida pelo Sr. Mário Sérgio, que é um vinho com uma acidez fantástica, ainda com muitos anos para durar.
Rematámos o banquete com a excelente aguardente velha da Quinta das Bágeiras.
Não se pode pedir mais, e saímos todos em estado de graça.

Segue a média das pontuações atribuídas aos garrafeiras brancos:

  • 18,3 - Garrafeira 2007
  • 17,7 - Garrafeira 2004
  • 16,4 - Garrafeira 2006
  • 16,2 - Garrafeira 2001
  • 16,2 - Garrafeira 2005
  • 16,0 - Garrafeira 2008
  • 15,9 - Garrafeira 2002

Mais importante que qualquer pontuação foi o convívio e a alegria deste jantar.

Foi uma noite inesquecível, sobretudo pelos dois senhores figueirenses, que com mais de 70 anos ainda nos fazem ver como é a arte de (con)viver.

Bem hajam.

Frederico Santos

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Quanta Terra Grande Reserva 2007


De um ano glorioso para a produção de vinho no Douro surge um espécime magnifico, um vinho mesmo ao meu estilo, cheio de nuances aromáticas de fruta vermelha e preta bem madura, extraordinariamente macio sem comprometer a complexidade, gordo e guloso na boca.

Este é o meu vinho do Douro, o que mais gostei e impressionou nos últimos anos. Quero realçar o trabalho nos taninos, este vinho consegue manter um  perfil de degustação elevadíssimo sem deixar de ser um modelo de polimento. Fabuloso, já vi muitos produtores comprometer a complexidade dos seus vinhos para os tornar todo o terreno.

Resta referir a cor quase preta, sinal da extracção elevada que se conseguiu e dizer que é feito maioritariamente com Touriga Nacional (65%), Tinta Barroca e Touriga Franca em partes quase iguais e um cheirinho de Sousão.

Parabéns aos enólogos Celso Pereira e Jorge Alves. Este produtor sempre fez muito bons vinhos, está a alargar/verticalizar a gama (ver post do Carlos Amaro sobre o "Terra a Terra", que ainda não provei) e a continuar assim acho que vai deslumbrar no mercado, até porquê pratica preços mais do que justos.

Nota:19/20 (gostei mesmo deste, bolas...)
Preço: cerca de 17€ (aqui está um produtor com vergonha na cara, muito melhor vinho do que muitos 30€ e superior da mesma região)

Boas provas,

Mário Rui Costa

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pequeno Pintor 2006


A marca Monte do Pintor, desde que surgiu no mercado, tem sido sempre um porto seguro para vinhos correctos, muito bem feitos, e a preços sensatos.
Para além do Monte do Pintor, nas versões normal e reserva, tem ainda o topo de gama Escultor, e este Pequeno Pintor, que eu não tinha provado ainda.
A versão do ano 2006 é feita a partir de trincadeira e aragonêz que estagiaram 6 meses em barricas de carvalho Allier e 8 em garrafa.
É muito fresco e vivo no aroma, com a fruta vermelha e ameixas bem integradas com notas de barrica.
Na boca é um vinho muito guloso, equilibrado, com taninos afinados e bela fruta.
Está no momento óptimo para consumo. Fiquei fã deste vinho, e certamente que vou comprar mais.
Preço: 7€
Nota: 16,5

Carlos Amaro

Terra a Terra Reserva 2007


Este vinho é produzido por Celso Pereira, produtor dos Vértice e Quanta Terra, de que sou fã.
É uma marca de gama de entrada, e mostrou-se um tinto cheio de fruta, taninos com garra mas bem polidos, de fácil agrado.
Além da fruta madura, algum chocolate, tosta e toque balsâmicos no nariz.
Bom volume de boca, acidez correcta,e mais uma vez os frutos vermelhos. é um tinto guloso, muito bem feito, daqueles impossíveis de não gostar.
E a um preço bem apetecível.
Um vinho que entra directo para a minha lista do dia a dia.
Preço: 8€
Nota: 16

Carlos Amaro

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Restaurante Pedro Lemos

Fui há uns dias atrás a um restaurante que abriu recentemente no Porto e que desde o seu início tem vindo a receber excelentes críticas.O restaurante chama-se Pedro Lemos, liderado pelo chefe do mesmo nome.
O chefe Pedro Lemos tem um currículo muito interessante, o que me aguçou ainda mais a curiosidade para experimentar o seu novo restaurante.
Trabalhou no Porto com Miguel Castro e Silva e Hélio Loureiro, tendo depois seguido para Lisboa onde ingressou na equipa de Aimé Barroyer no Pestana Palace.Esteve depois disso na Quinta da Romaneira, já como Chefe de Cozinha.

Passo de seguida a descrever o jantar.
O menu é muito curioso, com o nome dos pratos quase em pequenas histórias, o que dá um toque original.
Além de poder pedir à carta, existem 2 menus de degustação, o menu 1, composto por 5 partos e menu 2, com 7 pratos.Qualquer um dos 2 menus pode ser acompanhado por uma degustação de vinhos preparada para o Menu pelo escanção.
A minha selecção recaiu no Menu 1, incluindo a degustação de vinhos.
Como entrada foi apresentado um pão cozido no próprio restaurante a acompanhar um excelente azeite e umas boas alcaparras.
Nota muito positiva para o pão e para a qualidade do azeite.
Seguiram-se então os pratos do menu. O nome do prato é o que vem na ementa.

...bacalhau de boas recordações sobre gelatina das bochechas,
a posta desfiada num ouriço com seu aveludado
acompanhada das caras num caldo de poejos
Esta primeira entrada consistia num bolo de bacalhau em formato de ouriço do mar, aberto em cima, com uma espécie de bacalhau com natas dentro do ouriço.Este bolinho de bacalhau vinha sobre pedaços de caras de bochechas de bacalhau, e depois era tudo regado com um caldo de caras de bacalhau e poejo.Foi um prato de que gostei bastante, com um contraste muito interessante de diversas texturas de bacalhau, desde o crocante ao cremoso, e mesmo ao líquido.Muito bem conseguido no seu todo.
Este prato foi acompanhado de Luis Pato Vinhas Velhas Branco 2008, um vinho que com a sua boa acidez e fruta lidou bem com os vários sabores de bacalhau propostos.

...do bísaro a bochecha em verde tinto guisada,
do seu nectar as filhoses com cominhos e canela,
do céu o leite creme com louro e limão, os rojões da região
Aqui trata-se de uma descontrução de um clássico do norte, os rojões de porco, e foi talvez o que mais gostei. O prato parece quase uma brincadeira, com uma mistura de sabores tão improvável como saborosa. Constituído pelas bochechas de bísaro, muito tenras, a desfiar-se, por uns mini rojões bem fritos e saborosos, leite creme com um toque de limão, e por último uma filhoz com sangue de porco, canela e cominhos.Os sabores fortes das carnes de porco, conjugados com a canela, e com o doce e açucar do leite-creme apresentam-se como uma criação feliz e divertida.
Acompanhou este prato o Morgado Sta Catherina Reserva 2007. Um muito bom vinho, com acidez muito bem conjungada pela madeira, e que conseguiu ligar muito bem com alguma untuosidade do prato.

... deu o diabo,na sertã corado com o fofo do seu alimento,
caneloni de choco e puré de aipo, um saboroso tormento
Este prato era constituído por um filete de peixe-diabo, coberto com uma pasta de sapateira (o seu principal alimento).Ao lado um bisque de Lagosta, e um caneloni de tinta de choco recheado de puré de aipo. Achei este prato muito interessante. Ao provar o caneloni com aipo, por si só o seu sabor pareceu-me demasiado intenso, pouco agradável.O peixe com o creme de sapateira interessante, mas a faltar qualquer coisa. Ao provar tudo em conjunto no entanto, parece que os sabores de equilibram e se tornam num novo, muito melhor. O ponto do peixe, perfeito.
Foi bebido aqui um Quinta do Cidrô Rosé 2008. Para os sabores fortes do peixe, marisco e aipo, não seria fácil encontrar um bom vinho, e fiquei surpreendido com o modo como este rosé encaixou bem no prato.

...o cabrito das terras altas, enrolado e lentamente assado
altar de cenoura em raz el anout,
couscous com hortelã aromatizado
Aqui brilhou a qualidade da carne. Assadura lenta, a deixar a carne tenríssima. A conjugar com o sabor característico do cabrito, uma espécie de folhado de cenoura que achei delicioso.
O vinho foi um Tapada de Coelheiros 2005, que se mostrou num óptimo momento. Os taninos já a começar a amaciar, boa fruta e um corpo capaz de ombrear com o cabrito. Muito bom.

citrinos, em torta com mousse de mascarpone,
pérolas de tapioca em infusão de toranja
A sobremesa foi outro dos pontos altos da noite. Citrinos em diversas apresentações, numa torta com mascarpone, um shot de pérolas de tapioca com toranja. Gomos de tangerina caramelizados e um pudim de laranja óptimo.
Acompanhou um excelente Quinta do Noval LBV 2003

Em resumo, um excelente jantar, num restaurante do qual fiquei definitivamente cliente.Neste momento, não tenho dúvidas em colocá-lo como um dos melhor locais para comer no Porto.

Rua do Padre Luis Cabral, 974
4150-459 Porto, Portugal
Tel: (351) 22-011-59-86
www.pedrolemos.net

Carlos Amaro

Villa Maria Cellar Selection Sauvignon Blanc 2007


Este fim de semana bebi um vinho de uma das várias marcas da Nova Zelândia que se podem encontrar hoje em Portugal: Villa Maria
Os Sauvignon Blancs neo-zelandeses são vinhos de que normalmente gosto bastante. Tipicamente muito exuberantes, com fruta tropical e citrinos, quase sempre associada a uma excelente acidez.
Este exemplar mostra isso mesmo, mas tem ao mesmo tempo uma complexidade e elegância de que gostei. A gama Cellar Selection é a segunda da marca, a seguir ao Private Bin (gama de entrada) e abaixo do Reserve e do Single Vineyard.
Mostrou-se um vinho de nariz intenso, com notas de fruta tropical, maracujá, toranja, lima e ananás. Tem ainda notas herbáceas e algum floral. Na boca, é muito fresco e mineral, muito bem equilibrado com fruta madura e citrinos, mostrando complexidade aliada à concentração. Um vinho de que gostei muito e que vai muito bem com marisco. Para mim no ponto óptimo de consumo.
Preço: 15€
Nota: 16.5
Carlos Amaro