quinta-feira, 3 de março de 2011

Vertical de Chryseia

Foi na abertura da Essência do Vinho 2011, no dia 3 de Março, que participei nesta prova vertical de Chryseia, realizada no salão árabe do Palácio da Bolsa, com a apresentação de Charles Symington e Bruno Prats.
O nome Chryseia vem do grego antigo, onde significa douro ou dourado. É portanto um vinho tinto do Douro, feito com uvas seleccionadas das muitas propriedades da família Symington, ligada ao vinho do porto há muitas gerações. É este leque de boas vinhas aliado à enologia de Bordéus da família Prats que o torna um vinho único e emblemático.
Tratam-se de vinhos muito completos e de grande afinação, que estagiam em pipas grandes (400L) de madeira nova (carvalho francês), e cujas castas principais são a Touriga Franca e a Touriga Nacional.
A determinada altura foi feita a comparação por Bruno Prats, entre o par Cabernet Sauvignon e Merlot de Bordéus, com o par Touriga Franca e Touriga Nacional do Douro.
A prova foi apresentada em inglês, e foram servidos os vinhos de 2001 a 2008 (excepto 2002).

Chryseia 2001
Côr ruby clara, nariz discreto e complexo, herbáceo, algo químico.
Boca suave e elegante, ainda muito fresca.
Este levou 31% de Tinta Roriz, casta esta que não voltou a ser usada no vinho nas suas edições posteriores.

Chryseia 2003
Côr ligeiramente mais carregada, mas ainda suave.
Nariz equivalente, mas ligeiramente mais frutado.
Boca mais elegante.
Final muito longo.
Levou 60% de Touriga Franca, uma uva difícil de amadurecer que só foi vindimada em Outubro.

Chryseia 2004
Côr equivalente ao anterior.
Nariz no mesmo registo, mas com ligeiro chocolate.
Na boca apresentou mais estrutura e potencial de envelhecimento.
Final muito persistente.

Chryseia 2005
Côr equivalente ao anterior.
Nariz mais especiado.
Boca ligeiramente mais frutada e redonda.
Menos taninos que o anterior, mas ainda presentes.
Final longo.
Foram introduzidas neste vinho pela primeira vez uvas da Quinta da Perdiz, cerca de 40%.

Chryseia 2006
Côr equivalente.
Nariz mais complexo que os anteriores, especiarias, chocolate.
Boca ligeiramente taninosa, mas suave, equivalente ao 2004.
Final muito longo.
As uvas usadas neste vinho vieram quase todas da Quinta do Vesúvio.

Chryseia 2007
Côr equivalente.
Nariz mais achocolatado, couro, cogumelos.
Boca mais redonda, com ligeiro picante no final muito longo.
Foi comentado pelo enólogo que as uvas neste ano ficaram perfeitamente amadurecidas, o que tornou este vinho muito rico.

Chryseia 2008
Côr ligeiramente mais carregada que o anterior.
Nariz menos espectacular mas mais elegante, especiado.
Boca voltando ao registo químico dos primeiros anos, de grande equilíbrio.
Final longuíssimo.

Todos os vinhos estavam num patamar de qualidade muito elevado, sendo apenas uma questão de gosto decidir se um é melhor que o outro. Daria a todos uma pontuação entre 18 e 18,5.
Também de salientar que os vinhos mais recentes me agradaram ligeiramente mais que os primeiros, o que me faz crer que o vinho está cada vez melhor de ano para ano.
Se tivesse de escolher um talvez fosse o 2006, que tinha qualquer coisa que o distinguia pela positiva, embora 2007 e 2008 também sejam vinhos que me entusiasmaram muito.

Frederico Santos

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